Nepotismo, Crimes Eleitorais e Contratos Suspeitos: A Influência da Família que Transcendeu a Prefeitura e Chegou à Assembleia Legislativa
A relação política e pessoal entre o ex-prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSD), conhecido como Marão, e sua esposa, a deputada estadual Soane Galvão (Avante), está no centro de uma série de escândalos e investigações que expõem um emaranhado de interesses e suspeitas de uso indevido da máquina pública. Os laços, que deveriam ser apenas familiares, tornaram-se embaraçosos à medida que o Ministério Público (MP) e a Polícia Federal (PF) apontam crimes que vão do nepotismo a fraudes eleitorais.
💰 O Berço do Conflito: Nepotismo e Secretariado
O primeiro ponto de atrito na relação política do casal ocorreu logo no início da gestão de Marão. Em 2017, o prefeito nomeou sua esposa, Soane Galvão, para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, e posteriormente para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação.
O Olhar Crítico: A nomeação direta da esposa para postos-chave do secretariado, enquanto ele era prefeito, configurou um claro caso de nepotismo — prática vedada pela Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF) —, gerando críticas imediatas da comunidade e o questionamento sobre o mérito técnico das escolhas, em detrimento do vínculo familiar.
🗳️ A Transição Política e os Crimes Eleitorais
A situação se agravou quando Soane Galvão deixou o secretariado para se candidatar e ser eleita deputada estadual. As investigações mais recentes da Polícia Federal e da Justiça Eleitoral apontam que o então prefeito Marão teria utilizado sua posição para alavancar a campanha da esposa:
• Coação a Servidores: Inquéritos da PF descrevem indícios de que funcionários públicos da Prefeitura de Ilhéus teriam sido coagidos pelo prefeito a trabalhar e atuar na campanha eleitoral de Soane Galvão. Há denúncias específicas de que professores do município foram pressionados a participar de atos de campanha.
• Publicidade Institucional Casada: A deputada está sendo investigada por crimes eleitorais que incluem a suspeita de "publicidade institucional casada de atos e obras públicas" — ou seja, a utilização de obras e propaganda da prefeitura para beneficiar eleitoralmente a candidatura de sua esposa.
• Abuso de Autoridade: O uso da estrutura municipal para fins eleitorais também levantou a denúncia de Abuso de Autoridade por parte de Mário Alexandre.
A Justiça estabeleceu contato com a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) para dar andamento à investigação contra Soane Galvão, indicando a seriedade das apurações que podem culminar na cassação do mandato.
🚧 Operações da PF e Desvios na Gestão Marão
O cerco judicial sobre Marão se fechou com a Operação Barganha da Polícia Federal, que investiga supostos crimes de corrupção, desvio de recursos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
• Fraude em Licitações: As investigações apontam para um esquema de pagamento de propina a agentes públicos para que empresas fossem beneficiadas com contratos na Prefeitura de Ilhéus, especialmente em serviços como a coleta de lixo.
• Dinheiro Apreendido: Em uma das ações, a Polícia Federal apreendeu mais de R$ 900 mil em espécie na casa de um dos empresários investigados, reforçando a materialidade do esquema.
Embora Soane Galvão não tenha sido alvo direto nesta fase da "Operação Barganha", o escândalo de corrupção atinge o coração da administração municipal que serviu de plataforma política para sua ascensão à ALBA, tornando o vínculo entre o casal um símbolo das suspeitas de mau uso do dinheiro público em Ilhéus.
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