Redação Enxame Baiano
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O ASFALTO ESCONDIA A TRAGÉDIA: O Maior Cemitério de Africanos da América Latina Estava Sob Estacionamento de Faculdade
Uma das descobertas mais impactantes da história recente do Brasil paralisou o centro de Salvador e jogou luz sobre um passado brutal que estava literalmente soterrado. O estacionamento de uma área que faz parte do Complexo da Pupileira, pertencente à Santa Casa de Misericórdia (onde funciona a Faculdade Santa Casa de Misericórdia), foi interditado após a confirmação de que o local esconde um vasto cemitério de pessoas escravizadas.
As estimativas apontam que o antigo Cemitério dos Africanos da Pupileira pode conter restos mortais de mais de 100 mil indivíduos — entre escravizados, indígenas, indigentes e excluídos que foram sepultados entre os séculos XVIII e XIX. Se confirmado, este é o maior cemitério de escravizados de toda a América Latina.
⚠️ FIM DO USO COMERCIAL: O MPBA e Iphan Agem Pela Reparação
O choque é imenso: um espaço de memória sensível, onde incontáveis vidas foram descartadas sem dignidade, estava sendo usado para o mero estacionamento de carros. A descoberta, fruto de anos de pesquisa e de um inquérito conduzido pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), forçou uma ação imediata.
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) determinou a interdição imediata do estacionamento. A medida visa preservar o local e impedir que o ciclo de silenciamento continue.
"É a memória de dezenas de milhares de ancestrais que construíram esta cidade, e que estavam sendo pisoteados todos os dias. O uso comercial deste espaço é uma violência. Agora, o caminho é a reparação histórica," afirma um dos promotores envolvidos no caso.
🦴 O Legado da Brutalidade: Valas Comuns Sob o Centro da Cidade
Os achados arqueológicos são vestígios da crueldade da época. Diferente dos enterros oficiais, os corpos – de pessoas que não tinham quem pagasse pelo sepultamento – eram descartados em valas comuns e superficiais, sem ritos ou identificação.
A interdição marca o início de uma longa jornada de estudos. O objetivo final é transformar o local em um Centro de Memória e Referência sobre a história da escravidão, garantindo que a história dessas 100 mil vidas não seja mais apagada pelo asfalto de Salvador.

