As próximas eleições municipais acontecerão em outubro de 2024. Para exemplificar, o tempo a ser percorrido até lá daria conta de quase duas gestações completas. As movimentações políticas, no entanto, já se precipitam em volta disso. Em Salvador, pipocam articulações dentro das alianças dos partidos e especulações de possíveis candidaturas para o pleito.
O PT baiano, por exemplo, já deixou claro que pretende desta vez mudar a estratégia adotada em 2020 no pleito pela prefeitura de Salvador, quando Major Denice (PT) foi escolhida como candidata em cima da hora. Em entrevista à rádio A Tarde FM no início do mês, o senador Jaques Wagner (PT) chegou a dizer que o ideal, para ele, era decidir um nome desde já.
Como possibilidades para o grupo em Salvador, ele citou o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), Vilma Reis (PT) e Olívia Santana (PCdoB). Mas dois meses antes da declaração do senador, os presidentes partidários Éden Valadares (PT), Davidson Magalhães (PCdoB) e Ivanilson Gomes (PV) já haviam se reunido para tratar sobre o assunto.
Semanas antes, os deputados federais Antonio Brito (PSD) e Lídice da Mata (PSB) se reuniram com os vereadores Edvaldo Brito (PSD) e Sílvio Humberto (PSB) para costurar um acordo para o pleito. Enquanto isso, o prefeito Bruno Reis (União) mantém o discurso de que só conversará sobre o assunto em 2024. Afinal, para o prefeito, que tentará a reeleição, o ideal é que o pleito não seja antecipado para não dividir as atenções com possíveis concorrentes.
Arranjos políticos
Para o professor de Ciências Políticas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Giuseppe Benedini, essa “pressa” dos políticos baianos tem relação direta com o funcionamento das eleições no estado. “Na Bahia, os militantes são pouquíssimos e os que se interessam por política não são muitos. Então, na política local, conta muito mais qual vai ser o lado que o partido e candidato vão tomar”, avaliou o professor, em entrevista ao Enxame Baiano. Para ele, as atuais discussões são, na verdade, “um jogo de posição”.
O cientista político Cláudio André de Souza atribuiu essa aparente “afobação” também a mudanças que impactam no rearranjo dos grupos, como fim das coligações proporcionais e a chegada das federações partidárias. O especialista citou ainda o aumento da “profissionalização das campanhas” como fator de pressa.
“Quanto mais rápido os políticos estiverem bem nas redes sociais, isso é um indício, ajuda em um sucesso eleitoral nas eleições do ano que vem”, disse. Além disso, contribui para a urgência nas discussões políticas o fato da impossibilidade de reeleição para cerca de 40% dos gestores das maiores cidades do estado. “Eles precisam construir uma repactuação das estratégias para a escolha de um sucessor da gestão municipal”, esclareceu Cláudio André, que é professor adjunto da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).