A associação Stella4Praias, formada por moradores e comerciantes do bairro, promovem neste sábado (15), às 10h, um protesto contra a construção da Iberostella. O ato acontece em frente à obra, na Alameda Guaratuba (próxima ao antigo camping). De acordo com a entidade, o empreendimento terá oito prédios de até 18 andares, oito apartamentos por andar (ao todo mais de 950 unidades) e se localiza na beira da praia de Stella Maris, ocupando uma área de restinga.
“Nossa luta contra essa aberração vai completar dois meses no dia da manifestação. Estamos mobilizados desde que a primeira retroescavadeira apareceu no terreno, assustando os vizinhos”, relata Clarice Bagrichevsky, presidente da entidade. “A Stella4Praias, imediatamente, de posse de material probatório entrou com pedidos de Embargo Cautelar Ambiental junto ao Ministério Público Estadual e ao Federal para que, nesse meio-tempo, se discutisse o mérito da intervenção e se obtivesse os misteriosos alvarás que a Sedur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano) se recusa a informar à comunidade”.
A entidade ressalta que o pedido de Embargo Cautelar Ambiental foi fundamentado em normas federais, a exemplo do Decreto 5.300/2004, que em seu Artigo 23 regulamenta a recuperação de restinga. Clarice Bagrichevsky acusa uma “leniência” da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), que “vem negligenciando da defesa das propriedades da União, permitindo por exemplo que a Prefeitura de Salvador interfira agressivamente na borda marinha da cidade, apesar do município não ter se credenciado, com base na Lei do Gerenciamento Costeiro, por não cumprir os requisitos exigidos”.
Segundo Clarice, além da devastação ambiental e da vegetação de restinga, da falta de manejo de fauna e das obrigatórias placas de licenciamento, a obra terá forte impacto no trânsito “já caótico”, no saneamento básico, no sombreamento da praia, na desova de tartarugas, na poluição sonora, e na qualidade dos serviços públicos. “Temos que levar em conta, também, que a grande preocupação mundial, hoje, é mitigar as alterações climáticas e não é o que vem ocorrendo em Salvador ao se autorizar uma intervenção como essa na cidade”, alertou.