Das 116 edições do Campeonato Baiano, 22 tiveram a presença de um clube do interior na final. Dessas, apenas quatro terminaram com um campeão de fora da capital: Fluminense de Feira (1963 e 1969), Colo Colo (2006) e Bahia de Feira (2011). Hoje, esse segundo número vai crescer. Bahia de Feira e Atlético de Alagoinhas disputam, a partir das 16h, na Arena Cajueiro, a grande final do estadual – a primeira com duas equipes que não de Salvador. O mínimo a dizer sobre o time que vai levantar a taça ao apito final é que ele vai entrar para a história.
Com o Vitória falhando na primeira fase do estadual nas três últimas temporadas, as chances de êxito para essas equipes cresceram. E é sintomático que a final de 2021 tenha os dois clubes que bateram na trave contra o Bahia em 2019 e 2020.
O Tremendão fez dois jogos duros contra o Tricolor, mas perdeu na Fonte Nova por 1 a 0, após empatar em 1 a 1 em Feira de Santana. Já o Carcará resistiu mais: levou a decisão para os pênaltis, após dois empates, mas foi superado na marca da cal. Desta vez, não tem para onde correr: um dos dois vai sorrir no fim.
Estratégias
A matemática é simples: quem vencer, leva. O primeiro jogo, em Alagoinhas, terminou empatado em um emocionante 2 a 2. Em caso de nova igualdade, o confronto vai para a disputa de pênaltis.
As receitas de cada clube para o êxito divergem. O Bahia de Feira aposta nos anos de planejamento que o fizeram se tornar uma das potências do interior baiano. Na última década, o clube alcançou seis semifinais, duas finais e um título. Foi o que alcançou maior regularidade, e neste ano chega à terceira decisão.
“Se for pra falar sobre justiça, por investimento, projeto e planejamento, o ideal é que o título venha para cá. Mas o futebol é imprevisível. Tem dia que não encaixa. Será um jogo tenso”, afirma o presidente do Tremendão, Jodilton Souza.
Enquanto isso, o presidente atleticano, Albino Leite, além de exaltar os jogadores e a comissão técnica que levaram o clube até este ponto, recorre também a fatores místicos do futebol para otimizar as possibilidades. O Carcará passa por muitas dificuldades financeiras desde o ano passado.
“O Atlético trabalhou na contramão de tudo. O que eu estou vendo, pela performance que o time está tendo, é que o fator sorte está do nosso lado. Ninguém é campeão sem o fator sorte. O último jogo foi muito emocionante. Quem esperava aquele gol aos 57 minutos do segundo tempo?”, suspira o gestor.
Chance de crescer
A premiação do Baianão, como de costume, não é das melhores. O campeão levará R$ 140 mil para casa, enquanto o vice ficará com R$ 70 mil. A folha salarial do Bahia de Feira em 2021 é de R$ 220 mil, com o elenco atual. A do Atlético é de R$ 150 mil.
Porém, o título estadual também garante vaga direta na fase de grupos da Copa do Nordeste do ano que vem. A última vez que um clube do interior esteve presente neste momento da competição foi em 2016, com a Juazeirense.
Tanto Atlético de Alagoinhas como Bahia de Feira ganharam a chance, em 2019 e 2020, de disputar a fase preliminar do torneio regional. Porém, perderam seus jogos e foram eliminados. Para Jodilton Souza, essas boas campanhas representam que o futebol do interior está crescendo cada vez mais.
“A final inédita mostra que quem investe, quem se organiza, tem oportunidade de chegar. E como Bahia e Vitória estão mais focados em competições nacionais, há uma brecha para que o futebol do interior cresça”, avalia.
Vale lembrar que o Vitória, por exemplo, terá que disputar o Pré-Nordeste do ano que vem, por conta dessa final interiorana na Bahia. O Leão só tem essa chance pela regra que prevê o benefício aos melhores ranqueados na CBF.